Cigarrinha-das-raízes na cana-de-açúcar: como proteger a plantação no período das chuvas
- Goya Conteudo
- 3 de out.
- 5 min de leitura
A cigarrinhas-das-raízes (Mahanarva fimbriolata) é muito conhecida por seus prejuízos à cultura de cana-de-açúcar. Pequenos e de coloração avermelhada, esses insetos podem parecer inofensivos, mas são uma das maiores pragas da agricultura.
Ao atacar as raízes essa praga compromete a absorção de água pela cana, e em condições favoráveis, como o solo úmido, calor e a presença da palha, a sua população cresce exponencialmente.
Por isso, o período das chuvas no Brasil - especialmente em setembro e outubro - gera um alerta para os canavicultores.
Nesse contexto, pesquisadores não medem esforços no controle das cigarrinhas. E, para sua eficácia, esse planejamento deve ter início antes do período chuvoso, evitando a eclosão dos ovos, que pode causar prejuízos irreversíveis.
Com isso em mente, a Cyan preparou um texto para você compreender mais sobre o ciclo de vida das cigarrinhas e como proteger sua lavoura. Confira!
Como acontece o ciclo de vida das cigarrinhas?
Um dos maiores perigos das cigarrinhas está ligado ao seu ciclo de vida, já que elas podem causar grandes infestações em um curto período de tempo.
De modo geral, uma cigarrinha vive entre 60 e 80 dias, e uma fêmea pode depositar até 340 ovos. Logo, uma mesma safra pode ser infestada por três gerações diferentes.
Esse processo acontece da seguinte forma:
Primeiro, os ovos são depositados próximos ao colmo da cana, na base das touceiras ou no solo. Na sequência, eles passam por um período de incubação que dura entre 15 e 20 dias. No entanto, no final do período molhado do ano, os ovos entram em diapausa, o que atrasa a eclosão até o retorno das chuvas, que promovem níveis adequados de umidade e temperatura, para que as ninfas eclodam.
Nessa etapa, elas se alimentam da seiva da cana-de-açúcar e passam a produzir uma espuma branca, que as protege da dessecação.
Na terceira e última fase do seu ciclo de vida, as ninfas chegam à fase adulta, que dura aproximadamente de 20 a 70 dias. É nesse período que as cigarrinhas se reproduzem, mediante condições hídricas e temperaturas favoráveis.
Quais são os principais danos das cigarrinhas-das-raízes para a cana-de-açúcar?
Os prejuízos das cigarrinhas são inúmeros, já que elas se manifestam de dentro para fora da planta. O primeiro dano começa na fase das ninfas, que perfuram os vasos lenhosos e comprometem o fluxo de água e nutrientes. O primeiro resultado dessa perfuração é o afinamento do colmo, a desidratação do floema e xilema, e até a morte das raízes.
Já quando adultos, os insetos injetam toxinas na cana ao se alimentarem, o que provoca sinais visíveis, como o surgimento de manchas amarelas ou avermelhadas, que reduzem o potencial da fotossíntese.
Outro dano grave gerado pelas cigarrinhas é a facilitação da ocorrência de outros patógenos, já que ao perfurar os tecidos da planta, o caminho fica livre para doenças secundárias causadas por fungos e bactérias.
Além desses, outro prejuízo é a diminuição da capacidade industrial da cana, isto é, a redução do teor da sacarose, levando a uma menor qualidade de matéria-prima.
Esses impactos combinados reduzem o vigor da planta, limitam sua elongação e comprometem a produtividade da lavoura.
Prejuízo em números
Como vimos, as cigarrinhas-das-raízes estão entre as pragas mais perigosas para a cultura da cana. Para facilitar a visualização desses danos, vamos a alguns dados:
Segundo o Instituto Agronômico (IAC), o prejuízo aumenta conforme a evolução da safra. Os dados evidenciam que, no início, a infestação de cigarrinhas pode reduzir a produtividade em 10%.
Já no meio da safra, a ocorrência da praga leva a um prejuízo de cerca de 30%. Na última etapa, esse número pode chegar a até 50%.
Outro dado, dessa vez do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica de Cana-de-Açúcar, mostrou que em lavouras colhidas ao final da safra, o nível de dano econômico (NDE) pode variar de 3 a 5 cigarrinhas por metro linear de sulco.
Já em lavouras experimentais, com o uso de tratamentos químicos, foi observado que cada ninfa adicional por metro linear da planta correspondeu a uma queda de produtividade de 2,32%
Esses números mostram que o controle preventivo é mais barato e eficaz do que remediar danos quando a praga já está estabelecida.
Como controlar essa praga na lavoura?
O controle à cigarrinha-das-raízes demanda consistência, já que intervenções esporádicas geralmente não surtem efeitos. Por isso, a abordagem deve integrar várias estratégias diferentes.
Monitoramento contínuo
É comum a identificação da presença de ovos e ninfas por meio de amostragens. Esse processo é iniciado no começo das chuvas, após a eclosão das ninfas, para determinar o momento ideal de intervenção.
Níveis de dano e controle
Estar bem informado é primordial para saber como agir diante dessa infestação. Os números apontam que o DNE pode ser de 20 ninfas por metro linear de sulco ou 1 adulto por cana. Já o nível de controle recomendado varia entre 2 a 4 ninfas/m e 0,5 a 0,75 adulto/cana.
Controle biológico
Outra estratégia muito eficaz é a do controle biológico. Nesse caso, o fungo Metarhizium anisopliae é introduzido em programas de manejo, como um agente entomopatogênico. Ele age infectando e matando as ninfas. No entanto, sua ação é mais lenta, de modo que sua aplicação deve coincidir com a emergência das ninfas.
Controle químico
A opção mais popular é a do controle químico por meio de inseticidas, principalmente quando a infestação já foi confirmada. Nesse caso, é essencial escolher o momento da aplicação, usar doses adequadas e variar os modos de ação para evitar resistência.
Manejo cultural
A retirada ou manejo da palha acumulada pode reduzir umidade e dificultar o desenvolvimento da praga.Ainda, ajustes na época de corte, de plantio e rotação ou descanso de solo, também são eficazes para tornar o canavial um ambiente menos favorável à proliferação dos insetos.
Conte com a Cyan para ajudar a reduzir a pressão de cigarrinhas sobre os canaviais!
Quando o assunto são pragas como a cigarrinha-das-raízes, o clima é parte integrante da equação. Períodos de seca ou de umidade são determinantes para a infestação desses insetos.
Por isso, conhecer os padrões de chuva observados, umidade e temperatura em cada uma de suas fazendas, representa uma vantagem estratégica.
Sabendo quais áreas receberam as primeiras chuvas - em setembro e outubro - e tiveram o solo saturado, você não precisa esperar as cigarrinhas eclodirem para realizar o monitoramento e o combate.
Você pode antecipar o controle nestas áreas e evitar que os ovos diapausados eclodam, eliminando as duas próximas gerações!
A Cyan oferece soluções climáticas robustas para o agronegócio, capazes de antecipar condições favoráveis para a praga e indicar janelas ideais para aplicar seu manejo. Entre os recursos da plataforma, estão:
Monitoramento diário ou acumulado de chuvas por fazenda;
Previsão do tempo até 14 dias;
Indicadores climáticos para aplicação (janelas operacionais);
Balanço hídrico para estimar, diariamente, a quantidade de água disponível no solo de cada fazenda;
Correlação entre chuva, temperatura e outros dados agronômicos.
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